segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Os aspectos espirituais e sociais da missão





            Somos o povo de Deus. Fomos escolhidos por ele (Ef 1.4) para glorifica-lo e gozá-lo para sempre[1]. Todo cristão tem consciência – ou deveria ter – disso. Mas, é apenas isso? Ouvimos o Evangelho, somos salvos, fazemos tudo para a glória de Deus e pronto? Pensar dessa maneira é uma prática reducionista e ignorante.

Somos escolhidos para glorificar a Deus, e isto inclui obediência (Ef 2.10). Uma das ordens que o Senhor nos deu é anunciar o Evangelho (Mc 16.15). Precisamos anunciar às nações que o Senhor é Deus. A salvação é o bem maior que qualquer um pode receber. A ordem de evangelizar está implícita no mandamento de amar ao próximo assim como a nós mesmos[2].

Sabemos que a missão é algo que devemos praticar e foi instituída pelo próprio Cristo (At 1.8). Mas, em que consiste a missão? Sabemos que ao Senhor pertence a salvação (Jn 2.9). Mas, em que consiste a salvação?

O homem é uma unidade psicossomática[3]. Nós somos corpo e alma, mas esses dois “elementos” – se assim posso chama-los – não estão separados. Hoekema nos diz que a unidade psicossomática “enfatiza a unidade do homem”[4]. Essa unidade existe hoje e existirá após a ressurreição[5].

Já que somos uma unidade, não seria um erro se preocupar apenas com as almas que evangelizamos? Com certeza seria. Precisamos nos preocupar tanto com a alma quanto com o corpo das pessoas, o que envolve questões materiais. O próprio Jesus destacou a importância do cuidado dos necessitados (Mateus 25.35-40).

Como vimos, precisamos ver o homem em todas as suas necessidades. Todavia, há ideologias que pregam a primazia das necessidades materiais humanas quando o assunto é evangelização, e isto é visto na Teologia da Libertação. Alister McGrath nos diz que

A teologia da libertação afirma que a preferência de Deus pelos pobres e seu compromisso com eles é um aspecto fundamental do evangelho, e não um acréscimo decorrente da situação latino-americana ou baseado na mente na teoria política marxista.[6]



Não devemos fazer acepção de pessoas (Tiago 2.9). Tanto pobres quanto ricos são iguais perante Deus.

O papel principal da Igreja é a preocupação com a glória de Deus[7]. A pregação da Palavra deve ter primazia. Sua atenção deve estar voltada principalmente para o anúncio do evangelho, a salvação que é dada por Cristo aos eleitos (Jo 3.16). A responsabilidade social é importante e necessária, mas vem em companhia do evangelho, não em substituição a ele. As palavras da Igreja devem fazer uníssono ao anúncio de Pedro:  “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério” (At 3.19-20).

Sem. Christofer Freitas Oliveira Cruz


[1] Breve Catecismo de Westminster. Resposta à pergunta 1. Editora Cultura Cristã.
[2] KISTEMAKER, Simon. Os Encontros de Jesus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010. p. 211.
[3] HOEKEMA, Antony. Criados à Imagem de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010. p. 239.
[4] Ibid.
[5] Ibid. p. 240.
[6] McGRATH, Alister E. Teologia histórica. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2007. p. 276.
[7] PIPER, John. Alegrem-se os povos. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p. 35.

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