Somos o povo de Deus. Fomos
escolhidos por ele (Ef 1.4) para glorifica-lo e gozá-lo para sempre[1].
Todo cristão tem consciência – ou deveria ter – disso. Mas, é apenas isso?
Ouvimos o Evangelho, somos salvos, fazemos tudo para a glória de Deus e pronto?
Pensar dessa maneira é uma prática reducionista e ignorante.
Somos
escolhidos para glorificar a Deus, e isto inclui obediência (Ef 2.10). Uma das
ordens que o Senhor nos deu é anunciar o Evangelho (Mc 16.15). Precisamos
anunciar às nações que o Senhor é Deus. A salvação é o bem maior que qualquer
um pode receber. A ordem de evangelizar está implícita no mandamento de amar ao
próximo assim como a nós mesmos[2].
Sabemos
que a missão é algo que devemos praticar e foi instituída pelo próprio Cristo
(At 1.8). Mas, em que consiste a missão? Sabemos que ao Senhor pertence a
salvação (Jn 2.9). Mas, em que consiste a salvação?
O
homem é uma unidade psicossomática[3].
Nós somos corpo e alma, mas esses dois “elementos” – se assim posso chama-los –
não estão separados. Hoekema nos diz que a unidade psicossomática “enfatiza a
unidade do homem”[4]. Essa unidade existe hoje e
existirá após a ressurreição[5].
Já
que somos uma unidade, não seria um erro se preocupar apenas com as almas que
evangelizamos? Com certeza seria. Precisamos nos preocupar tanto com a alma
quanto com o corpo das pessoas, o que envolve questões materiais. O próprio
Jesus destacou a importância do cuidado dos necessitados (Mateus 25.35-40).
Como
vimos, precisamos ver o homem em todas as suas necessidades. Todavia, há
ideologias que pregam a primazia das necessidades materiais humanas quando o
assunto é evangelização, e isto é visto na Teologia da Libertação. Alister
McGrath nos diz que
A teologia da libertação afirma que a preferência de
Deus pelos pobres e seu compromisso com eles é um aspecto fundamental do
evangelho, e não um acréscimo decorrente da situação latino-americana ou
baseado na mente na teoria política marxista.[6]
Não devemos fazer
acepção de pessoas (Tiago 2.9). Tanto pobres quanto ricos são iguais perante
Deus.
O
papel principal da Igreja é a preocupação com a glória de Deus[7]. A
pregação da Palavra deve ter primazia. Sua atenção deve estar voltada
principalmente para o anúncio do evangelho, a salvação que é dada por Cristo
aos eleitos (Jo 3.16). A responsabilidade social é importante e necessária, mas
vem em companhia do evangelho, não em substituição a ele. As palavras da Igreja
devem fazer uníssono ao anúncio de Pedro:
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos
pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério” (At
3.19-20).
Sem. Christofer Freitas Oliveira Cruz
[1] Breve Catecismo de Westminster.
Resposta à pergunta 1. Editora Cultura Cristã.
[2] KISTEMAKER, Simon. Os Encontros de Jesus. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010. p. 211.
[3] HOEKEMA, Antony. Criados à Imagem de Deus. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010. p. 239.
[4] Ibid.
[5] Ibid. p. 240.
[6] McGRATH, Alister E. Teologia histórica. São Paulo: Casa
Editora Presbiteriana, 2007. p. 276.
[7] PIPER, John. Alegrem-se os povos. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p. 35.
Nenhum comentário:
Postar um comentário